sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O masculino e o feminino na pessoa humana


"Mulher e Homem: imagens de Deus". Essa é a vocação dada por Deus Criador para toda a humanidade como forma de ser e existir do homem e da mulher, juntos e separadamente. Vocação que vai além da perpetuação da espécie humana, rica nas diferenças entre o relacionamento com a criação.
Somente na eternidade compreenderemos o sentido maior do masculino e do feminino na manifestação de Deus que, ao criar todos os seres vivos, os fez numa natureza masculina e feminina. Neste sentido, o masculino e o feminino nada mais são do que a expressão encarnada do intimo de Deus. Os místicos dizem que Deus é, ao mesmo tempo, Pai e Mãe. Ele é a origem primeira e a razão última da criação e das criaturas.
Homem e mulher são chamados a serem imagens de Deus, isto é, comunhão de relações e de existências humanas. Somente no céu chegaremos à maturidade completa do viver e do existir como homens e mulheres transfigurados em Cristo tendo na ressurreição de Cristo e na assunção de Maria os modelos de nosso futuro.
Os Evangelhos e a Igreja ensinam que Cristo ressuscitou e ascendeu ao eterno, para a casa do Pai, com sua individualidade completa: corpo-espírito, humanidade e divindade. Por sua vez Maria, como Mãe de Jesus, em virtude da redenção de seu Filho Jesus e por obra do Espírito Santo, foi assunta ao céu em sua individualidade completa: corpo-alma, alma-corpo. Esses são dogmas da Igreja católica.
O dogma da ressurreição é a essência e a grande novidade do cristianismo. Portanto, não é somente com nossa alma ou espírito que iremos para o céu, mas com nossa individualidade completa de homens e de mulheres, com nosso corpo-alma, alma-corpo transfigurados em Cristo que haveremos de ressuscitar e de existir por toda a eternidade junto do Pai, de Maria e de todos os santos e santas de Deus. Esta é nossa fé e nossa esperança cristã. “Se Cristo não ressuscitou é vã nossa fé. Mas Ele ressuscitou e com Ele todos os que Nele vivemos e Nele esperamos, com Ele viveremos para sempre na casa do Pai” (1Cor 15,14s).
A expressão evangélica de que após a morte "seremos semelhantes aos anjos" (Mc 12,25; Mt 22,30; Lc 20,36) em absoluto nega a identidade da existência do feminino e do masculino na eternidade.
O que precisamos é nos precaver contra o dualismo, alma separada do corpo, ou pior, de um modo de pensar maniqueísta que distorceu em muito a compreensão da grandeza do ser humano em sua dignidade como realidade existencial corpórea, psíquica, afetiva, sexual e espiritual inseparável, que tanto Cristo dignificou e santificou com sua encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição.
No sentido antropológico cristão, sexo não é algo que temos, mas que somos no todo de nosso ser. Somos homens e mulheres na essência de nossas vidas, na unidade corpo-espirito, desde as células, órgãos, neurônios, etc. Somos seres espirituais encarnados. Na eternidade terminará o existir na genitalidade como agora, mas jamais terminarão o sexo e a sexualidade que definem o “eu interior e pessoal” do homem e da mulher. É próprio de Deus não destruir a essência de suas criaturas, mas de elevá-las à sua imagem perfeita pela encarnação, vida e ressurreição de Cristo.
Os Evangelhos, como a doutrina da Igreja católica, nos ensinam que em nosso futuro, a eternidade com Deus, não é só para nossa alma, mas para nossa realidade humano-divina completa, de homens e mulheres transfigurados em virtude dos méritos da redenção de Cristo.
Por Padre Evaristo 

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